segunda-feira, 22 de abril de 2013

o preto fica-lhe bem, menina.

marraquexe. dois mil e dez.
     a menina, ou a senhora, não sei, fica airosa assim, de preto. mas não é luto. é menina? há uns dias, quando a vi ali atrás, até disse ao meu filho que lhe podia ter morrido alguém. ai menina. mas não, pois não, menina? é a beleza, menina. as raparigas da idade da menina parece que ficam vaidosas com o escuro. parecem nobres, como a D. Rita da casa grande, com aqueles filhos todos. oito. loiros e de dentes muito grandes e brancos. tinham carro e tudo menina. eu tive bicicleta quando fiz vinte anos. foi uma revolução, menina. sabe lá. casei logo nesse tempo. e tivemos carro, já todos os filhos da D. Rita andavam fora. a menina que idade tem? não se importa, pois não menina? gosto muito de a ver assim, toda de preto. e não tem calor, menina? fiz um combinado com o meu homem. perguntei-lhe se eu fosse à frente dele, quanto tempo ele andava de preto por mim. ele disse-me um mês e eu disse olha, se ficar cá eu a ver-te ir, também ponho um mês. infelizmente ando eu, menina. éramos muito amigos. conversávamos muito sobre estas coisas da morte e outras. ai, menina, que falta que o meu homem me faz. e agora a fazer estas coisas todas sem ele. quer dizer, por causa dele. 

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