também eu cheguei ao Big Sur. mas setenta anos depois e já não montada nas laranjas de Jerónimo Bosch que, essas apesar de não ter cansado o olhar de tanto observar estática e petrificada as cores do tríptico guardado no Prado e por duas vezes em dez anos, guardo singelas e sumarentas mas para outros sonhos e núpcias, ainda que em vão.
cheguei, ferida aberta no peito, alheia à causa que me trucidava o órgão maior e centrada na casa que sabia destinada ao meu futuro próximo. era aquela que mais uma vez criava a partir do REM e do RAM e dos devaneios da incompleta loucura. outra construção. outras linhas. nova casa.
diferentes linhas, inseridas agora numa nova e inteira paisagem, fresca no tato ao passar-lhe os dedos pela superfície porosa da parede da entrada, tudo o que a compunha, mais madeira do que cimento, deixava em suspenso a impossibilidade prática da mudança. ou a fraca vontade de uma entrega.
não é já em mim estranho este resonhar uma certa arquitetura, desenhar num plano inconsciente uma planta em diversas assoalhadas, onde se depositarão depois plenas vivências, num outro ponto que não me responsabilizará.