terça-feira, 30 de outubro de 2012

o rapaz do djambé

    ela encontrou-o numa praia do norte. seriam umas três e meia de um dos primeiros dias de outono. o melhor sol no mais bonito dos mares. um areal inesquecível e um cruzar de dois olhares de idades tão diferentes.
    ele encontrou-a. sim, foi isso. encontrou-a envolvida em danças com os filhos (seriam certamente dela aquelas duas crianças) sob o olhar atento de um pai, homem dela, lá atrás, fora do areal.
     ficaram cinco, num quadro de pensamentos votados ao silêncio. mal se ouviam, se acaso quisessem falar. o mar explodia em estrépito som a cada onda de espuma, quebrando-se perto da mãe (e) de dois filhos vigiados, em afetuosa contemplação.
    chegou, encontrou-a, sentando-se com o seu djambé, iniciando um ritual de batuques secos e desarmónicos, ora fracos, ora fortes consoante os passos de dança que da rocha onde se sentou vigiava.
     outro olhar, nova contemplação. a terceira. mãe que vê os filhos. homem que abraça nos pensamentos a sua mulher.  um estranho sentado, musicando esse quadro, vigiando a sua inspiração.

2 comentários:

Anônimo disse...

Tudo começa quando os olhares se cruzam. O quadro ficou lindo.Consigo ouvir o mar do Norte a rebentar nas rochas e o djambé a dialogar com os ouvidos de todos. Inspiraram-se mutuamente e a composição só podia fazer o que a música sempre faz: une.

a paixão de anna disse...

caro anónimo,
não sei se voltará a esta página para ao menos ler a minha (tardia) resposta à partilha do seu comentário.
a recente criação deste blog é, por enquanto, para mim um enorme mistério quanto à construção dos seus conteúdos e um simples retorno de conversa torna-se a mais difícil das tarefas.
hoje descobri. descobri que lhe consigo dizer que me deixou sorridente saber que aquela rapsódia de sons lhe chegou aos sentidos.
obrigada pela leitura, esperando que seja continuada.