quinta-feira, 26 de dezembro de 2013

sem justificação.

       justifica-se pensando que as coisas erradas não podem estar assim tão menos certas porque para lá do seu umbigo tudo está torto.
     justifica-se acreditando que os passos atrás são afinal, como sempre foram e serão, sintomas inegáveis de crescimento e que lá chegará o tempo em que tudo fará sentido. para os outros, incompreensíveis criaturas da sua inegável sensibilidade e transcendência.
     justifica-se assim, que o tempo entretanto passou, aquela altura já não será tanto a de antes, a luz do cabelo há-de por certo apagar, mesmo a exuberância que o colhe melhor deixará de ter poder. a cor dos seus olhos será nesse arrastado momento a sua única salvação, a mesma dos velhinhos queridos e enrugados que um dia também o foram. e o egoísmo que carrega, o amortecedor para não ter que ver mais do que aqueles dois centímetros para além do seu nariz.

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