quarta-feira, 5 de junho de 2013

presente e passado

   nunca falo do meu futuro. quero dizer publicamente. quero dizer, raramente falo do futuro, do que farei, de como serei. publicamente. para não gerar compromissos e, muitas vezes, decepções nos outros e em especial, em mim.
  falo sempre do futuro em privado, nas conversas com os amigos, estabelecendo  alianças que tantas vezes se quebram à vista, deixando-me envergonhada. "pela boca morre o peixe, minha querida". morri tantas.
   estou num xitex a ponto de me parar o cérebro, não me apetecer comer, trabalhar ou correr. este ano decidi conceder-me férias iguais às do funcionário público que também já fui, condição que me deixou saudades zero. se nos outros anos andava de língua de fora por estas alturas, posso garantir que hoje, a meio do ano, ainda não vacilei a ponto de me projetar num futuro próximo - daqui a dois meses, no sítio do costume. quero dizer que estou fresca e arejada. sem precisar das ditas que de hoje a quinze dias tirarei, anotando no meu mapa de férias mais uns dias ao calendário.
   partirei, assim, em viagem pela costa alentejana, nesta carrinha, sonho eu, sem horários, marcações de pensões, itinerários definidos. sem despertador. com a qualidade que tenho em mim mais do que assumida e que é o improviso. sei que serão quatro pôr do sol maravilhosos que é a única coisa no mundo que temos certo como magnífico. vinho tinto, pão alentejano e umas conservas portuguesas, do topo de uma falésia,  a ver o sol escurecer, descer, descer e mergulhar no Atlântico.





2 comentários:

Anônimo disse...

A foto não é, a carrinha também não, mas que interessa isso quando à frente do olhar se lhe abrem todos os horizontes e a mais democrática de todas as formas de viajar: o sonho.

Belas palavras.

a paixão de anna disse...

belas são as suas palavras, caro anónimo. obrigada e volte que eu volto também.