segunda-feira, 15 de outubro de 2012

há janelas que nunca se fecham


     recebi um abraço que me deixou bem. 
     recebi uma descrição de um voo picado para a morte que me estremeceu os sentidos. duas aves em duelo no limite de um céu imenso (eu sabia) nunca pode dar certo. a terra há-de ditar os algarismos do marcador final, encarregando-se de engolir o mais fraco dos duelantes que, sem padrinhos que o motivem, se atira para uma luta à partida desigual. 
     o que poderia decorrer sem incidentes na história tantas vezes escrita nas memórias do reino animal - sucumbe à terra o mais fraco, voa o mais forte - revelou afinal ao mais atento dos poetas, um desfecho em tudo trágico, como todos os fins. 
     o pó do chão recebeu aquelas duas aves, mortas naquele dia e para sempre à conta uma da outra, num combate batido em asas baixas e apagado no vidro de uma janela que encontraram fechada. irremediavelmente fechada para as não receber, sabendo-lhes assim o fim. 



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