quinta-feira, 28 de novembro de 2013
terça-feira, 26 de novembro de 2013
segunda-feira, 25 de novembro de 2013
terça-feira, 19 de novembro de 2013
talvez.
talvez não chegue a ser difícil mas as molas que traz nos pés, invisíveis como quase tudo o resto, atrapalham-me a análise e o esboço da personalidade. rasgos de inteligência com suspiros de inquietação brotam do seu peito. inteiro, tenho por certeza ser. perco-me na eventual conclusão. não há, pois certezas. impossível haver. quem colhe as flores aqui e ali, despreocupado se as deixa para trás ou não, não é de confiança. ou será antes e por não o pretender ser? espreitar pela fechadura não é mau mas a angústia de não conseguir ver para lá do eixo oferecido pelo ousadia da metáfora é um convite à imaginação. ao sofrimento. à evaporação.
segunda-feira, 18 de novembro de 2013
quarta-feira, 13 de novembro de 2013
terça-feira, 12 de novembro de 2013
para ler
que a tinha debaixo d'olho. essa agora! ela que nunca tinha reparado sequer nele quanto mais nisso de lhe andar debaixo de olho. ficou incomodadíssima. de verdade. conheço-a há tempo suficiente para lhe ler até os pensamentos que não verbaliza por falar pouco. quando se zanga é assim que descarrega. essa agora! um fedelho daqueles que tem idade para ser meu irmão mais novo.
depois cantámos o fado a noite inteira. quase em câmara lenta. despropositadamente, nalguns momentos. e nunca mais falou nisso, no desespero que lhe causou ouvir o discorrer daquela frase infantil. o sorriso crescia ao mesmo ritmo dos copos de vinho que despejava. até que, sem que ninguém o esperasse e nem mesmo ela, tocou nos lábios do rapaz com um beijo seu. beijou-o, confundindo-o.
no dia seguinte ninguém falou no assunto.
para ouvir
que a tinha debaixo d'olho. essa agora! ela que nunca tinha reparado sequer nele quanto mais nisso de lhe andar debaixo de olho. ficou incomodadíssima. de verdade. conheço-a há tempo suficiente para lhe ler até os pensamentos que não verbaliza por falar pouco. quando se zanga é assim que descarrega. essa agora! um fedelho daqueles que tem idade para ser meu irmão mais novo.
depois cantámos o fado a noite inteira. quase em câmara lenta. despropositadamente, nalguns momentos. e nunca mais falou nisso, no desespero que lhe causou ouvir o discorrer daquela frase infantil. o sorriso crescia ao mesmo ritmo dos copos de vinho que despejava. até que, sem que ninguém o esperasse e nem mesmo ela, tocou nos lábios do rapaz com um beijo seu. beijou-o, confundindo-o.
no dia seguinte ninguém falou no assunto.
para ouvir
quarta-feira, 6 de novembro de 2013
dia de Sophia.
Para que ela tivesse um pescoço tão fino
Para que os seus pulsos tivessem um quebrar de caule
Para que os seus olhos fossem tão frontais e limpos
Para que a sua espinha fosse tão direita
E ela usasse a cabeça tão erguida
Com uma tão simples claridade sobre a testa
Foram necessárias sucessivas gerações de escravos
De corpo dobrado e grossas mãos pacientes
Servindo sucessivas gerações de príncipes
Ainda um pouco toscos e grosseiros
Ávidos cruéis e fraudulentos
Foi um imenso desperdiçar de gente
Para que ela fosse aquela perfeição
Solitária exilada sem destino
Sophia de Mello Breyner Andresen
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Sophia de Mello Breyner Andresen fotografada por Eduardo Gageiro. 1964. |
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