terça-feira, 12 de fevereiro de 2013

sonhar arquitetura

    


   

     se acontecer acordar após uma noite de sono e não me lembrar do que sonhei, daquilo que vivi nesse sono de sonho, há uma sensação de vazio e de certa frustração. é estranho mas é verdade. gosto de dormir desde há meia dúzia de anos. descobri que é um prazer pouco tempo depois da minha filha nascer, porque a necessidade de descanso noturno, de olhos bem fechados, instalou-se na minha vida. para sempre. e descobri com isso que, ao contrário do que apregoei tanto tempo, não é uma perda de tempo. é um acrescento ao meu tempo. mas para que tudo seja perfeito tenho que sonhar. todos as noites dos meus dias. e tenho que os reter, assim que acordo. aliás, é assim que acordo. revejo o que sonhei. cinco minutos e estou vivamente acordada. pronta para outros sonhos. os dos dias. 
     hoje sonhei com uma casa a Sul, onde morei um ano da minha vida, contava eu com dois anos de vida, até aos três. é possível que saiba de cor a geometria interna da casa de Beja porque há fotografias no meu álbum. de festas e da minha mãe grávida da minha irmã. do cão preto no acesso à garagem a fazer-me sombra. das árvores de fruto no jardim, atrás. hoje entrei nessa casa mas com outra arquitetura. e pela mão da minha mãe apreciámos a sua geometria quadrada e um jardim, também quadrado, dentro dela. a separar, vidro a toda a volta. o olhar de dentro de casa para o jardim. uma árvore e dois ninhos com dois pássaros enormes e exóticos mas de uma só cor. ausência de fachada, certamente por não a encontrar neste sonho. as persianas eram de madeira de jatobá. pesquisei e não me parece sequer que existam. fascinei-me com aquela madeira avermelhada intacta à passagem dos anos. e a rua da casa, uma avenida estreita e carregada de trânsito. 

quinta-feira, 7 de fevereiro de 2013

uma casa e uma árvore. e eu.

    um sonho que não só não se perdeu com os anos como se reforçou e aprimorou com eles é conseguir ter uma casa na árvore ou uma árvore em casa para poder ter uma casa na árvore. basicamente é nisto que penso muitas vezes ao longo da minha vivência. é um sonho egoísta, pois só eu caibo nessa casa na árvore e só a mim é permitido entrar. tudo à volta, que é como quem diz o mundo todo, impossibilitado de me descobrir, apenas vê a árvore e apenas a vê se a olhar.